Foto: Maiara Bersch (Diário Arquivo)
Aos 43 anos de idade, o servidor público do município de são Pedro do Sul, Daniel Goulart Almeida descobriu o diagnóstico para Transtorno do Espectro Autista. Ele sofre de um autismo "mais leve", que preserva a fala e o intelecto. Após idas e vindas em diferentes profissionais para saber porque sentia mal-estar diante de sons muito altos e dificuldades na comunicação, o diagnóstico foi uma espécie de alívio.
_ O diagnóstico primeiro trouxe um alivio da culpa que eu carregava diante das minhas dificuldades. Na terapia, embora não pudesse frequentar semanalmente, comecei a entender melhor as pessoas, aprender a me adaptar, para reduzir o estresse social _ contou Daniel, por e-mail, ao Diário.
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Depois do diagnóstico, Daniel, hoje com 47 anos, foi atrás do tratamento com esperança de melhorar a qualidade de vida, mas o alívio do diagnóstico se tornou um tormento a partir de então. Em 2017, ele ingressou, judicialmente, com pedido de tratamentos gratuitos. Em dezembro, por meio de uma decisão liminar de urgência, o tratamento gratuito ou custo foi concedido, mas, depois de um parecer de um médico legista dizendo que "os procedimentos não se enquadram no conceito de urgência", a decisão foi revogada em fevereiro.
O processo segue na Justiça, mas não em regime de urgência, o que deixou o servidor indignado já que esperava ter tratamento para levar uma vida melhor. Uma das coisas quem mais o incomoda é o cansaço que sente após pequenas atividades, como tomar banho ou se vestir. O tratamento ideal, segundo Daniel, consiste em atendimentos psicológicos, tratamento médico para deficiências como intoxicação por metais, níveis baixos de colesterol, intoxicação hepática, e a realização de exames periódicos.
Sem uma decisão se irá ou ão conseguir tratamento, ele criou um abaixo-assinado online para solicitar que a decisão seja revisitada, com urgência, no processo. Até a noite de terça-feira, o número de assinaturas já havia passado 31 mil.
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Atualmente, a jornada de trabalho de Daniel foi reduzida, de 40h para 20h, e as consultas psicológicas são quinzenais - o ideal, segundo ele, seriam consultas semanais. Daniel lembra que, quanto mais cedo o diagnóstico para autismo e início de um tratamento, melhor. E que a luta não é somente dele, mas de muitas pessoas que convivem com autismo:
_ Devo dizer que o diagnóstico está mudando a minha vida, mas ainda falta conseguir realizar meu tratamento de forma completa. Pois que adianta um diagnóstico, se não há recursos nem apoio para o tratamento? Esta é minha atual luta. Não só minha. Os autistas enfrentam essas duas batalhas terríveis no Brasil. O diagnóstico, e depois o apoio e tratamento.